tenho apenas a metade de mim
uma metade anã
metade corpo metade ideia
um quarto de uma ideia escura
de um vazio que faz palavra ínfima
nem sei se matéria ou se hiato
um abismo de pensamentos descontínuos
que me são
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Ao samba
E então hoje é dia do samba - e dos sambistas.
Quantos quadris vocês põem a bolir
Por suas mãos a bater
Sua voz laiar
Com os dedos tocar
Quantas noites de alegria
E de tristeza entoadas por suas notas
Tantas vidas desfeitas e refeitas
olhares trocados
Encontros marcados
Paixões que se vão
Me agarro nas cordas
Me desfaço por horas
Me perco de mim.
Quantos quadris vocês põem a bolir
Por suas mãos a bater
Sua voz laiar
Com os dedos tocar
Quantas noites de alegria
E de tristeza entoadas por suas notas
Tantas vidas desfeitas e refeitas
olhares trocados
Encontros marcados
Paixões que se vão
Me agarro nas cordas
Me desfaço por horas
Me perco de mim.
sábado, 26 de novembro de 2011
conversa que não foi
Você está linda. Nem sei quanto tempo se passou.
Vejo que os anos deixaram linhas no teu rosto.
Essas no canto dos teus olhos
são de risos que demos juntos.
- E de lágrimas que chorei quando você partiu.
Mas tua boca está mais vermelha.
- São dos amores que beijei.
Então você viveu sem mim.
- Você não me deixou escolhas. O peso dos anos me marca o corpo. Estou mais cansada, mas não menos viva.
Me alimentei de sonhos por algum tempo, quando a bebida e o cigarro já não me anestesiavam
encontrei um olhar, mas não fiz residência.
Me apeguei até a última gota àquela fotografia amarelada que você tirou de mim.
Eu estava bonita.
Por que você me deixou?
Fui porque tive que ir.
- Você conheceu outras mulheres?
Por que perguntar o que não quer ouvir?
Deixe-me beijar teus olhos, tuas mãos desfeitas.
- Você não me avisou que vinha.
Queria encontrar-te como és.
- Vens falar agora de como sou? Já não me conheces mais.
Não fala assim. Sei de tudo o que vivemos. Sei que adora girassóis. O cheiro de páginas escritas, o gosto do suor na pele.
Não, não chora. Te levanta e vamos dançar.
- Mas não tem música.
Claro que tem. Fecha os olhos. Escuta o violão. Ele toca pra você.
- Não podemos voltar atrás.
Não estamos voltando, estamos refazendo nossos sonhos. Agora juntos. Isso. Agora chora. Não te solto deste abraço.
(Rio, 07/09/2010)
Vejo que os anos deixaram linhas no teu rosto.
Essas no canto dos teus olhos
são de risos que demos juntos.
- E de lágrimas que chorei quando você partiu.
Mas tua boca está mais vermelha.
- São dos amores que beijei.
Então você viveu sem mim.
- Você não me deixou escolhas. O peso dos anos me marca o corpo. Estou mais cansada, mas não menos viva.
Me alimentei de sonhos por algum tempo, quando a bebida e o cigarro já não me anestesiavam
encontrei um olhar, mas não fiz residência.
Me apeguei até a última gota àquela fotografia amarelada que você tirou de mim.
Eu estava bonita.
Por que você me deixou?
Fui porque tive que ir.
- Você conheceu outras mulheres?
Por que perguntar o que não quer ouvir?
Deixe-me beijar teus olhos, tuas mãos desfeitas.
- Você não me avisou que vinha.
Queria encontrar-te como és.
- Vens falar agora de como sou? Já não me conheces mais.
Não fala assim. Sei de tudo o que vivemos. Sei que adora girassóis. O cheiro de páginas escritas, o gosto do suor na pele.
Não, não chora. Te levanta e vamos dançar.
- Mas não tem música.
Claro que tem. Fecha os olhos. Escuta o violão. Ele toca pra você.
- Não podemos voltar atrás.
Não estamos voltando, estamos refazendo nossos sonhos. Agora juntos. Isso. Agora chora. Não te solto deste abraço.
(Rio, 07/09/2010)
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
fragmento em desvario
Te peno, meu caro, só neste olhar. Respira fundo, e que te infles de coragem. Essa é mulher. Não dessas que se vê em toda esquina, as que sabemos pela forma. Essa, criatura, passou já de menina.
Rapaz, não te aproxima. Não pensa que é seu.
Esse corpo, guri, não se equaciona. Te fragmenta num sussurro. Eu disse, amolecem tuas pernas só no gargalhar. Essa mulher de desejo vadio se alimenta é de suor. Nem malandro faz trapaça. No jogo ela faz graça.
Quer seguir, que vá em frente. Na conquista, inocente, quem te abriga é o temor. Faça dele teu amigo, no caminho cata a dor.
Tua saga é desvario, exitoso trovador.
Rapaz, não te aproxima. Não pensa que é seu.
Esse corpo, guri, não se equaciona. Te fragmenta num sussurro. Eu disse, amolecem tuas pernas só no gargalhar. Essa mulher de desejo vadio se alimenta é de suor. Nem malandro faz trapaça. No jogo ela faz graça.
Quer seguir, que vá em frente. Na conquista, inocente, quem te abriga é o temor. Faça dele teu amigo, no caminho cata a dor.
Tua saga é desvario, exitoso trovador.
fragmento que me desassossega
É uma porçãozinha de corpo abaixo dos seios, acima do umbigo. Não é o frio que eles falam, e no entanto não é quente. Arrepia, mas não treme. É um hiato de espera com um corte de sufoco. Onde as palavras se encadeiam sem ar. É o abismo que me protege da paixão.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Definitivamente, não
Definitivamente
Não sei aqui a quem endereçar
Eu gosto é do embaraço do encontro
Do desconforto corpo a corpo
De mãos encabuladas
ou confusas
Gosto é de um sintoma anunciado
De um riso atropelado
De uma timidez que é sedução
Sou mais dada ao desencontro falado
uma espera ansiosa
De quem não sabe se virá
Deixo para cá pequenas histórias não vividas
que a voz sufoca
E faz da pele peso mudo
O que vi e não olhei
Vira sonho
O que jurei e não cumpri
Faço disso samba.
o primeiro
numa fresta entreaberta
cá estou atrás da porta
os olhos espremidos por uma luz bem gasta
não sei bem o que eu vejo
milhares de sombras retorcidas sem contorno de rosto
talvez lábios secos e finos
que podem me pedir silêncio
seus olhos eu não vejo
mas os penso bem pequenos e sem brilho
como que já viram e sentiram ameaças do querer
tímida, insisto
escrevo com atraso essas linhas que me escondem
me arrisco sem sentido
ante a sombras, sem clarão.
cá estou atrás da porta
os olhos espremidos por uma luz bem gasta
não sei bem o que eu vejo
milhares de sombras retorcidas sem contorno de rosto
talvez lábios secos e finos
que podem me pedir silêncio
seus olhos eu não vejo
mas os penso bem pequenos e sem brilho
como que já viram e sentiram ameaças do querer
tímida, insisto
escrevo com atraso essas linhas que me escondem
me arrisco sem sentido
ante a sombras, sem clarão.
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