Doído é amar até teu desamor
Tuas mentiras rasgadas e minhas lágrimas sinceras
Afagam teu peito quando pensas que acredito

Disfarçada de forte
Vou me sendo

porque, por menor que fosse, ainda assim era um ruído. uma voz incômoda, sussurrando ao meu ouvido. não, não sei o que dizia, nem de onde vinha. sim, é claro que só eu ouço. é um sussurro, você não ouviu? é um segredo só nosso. claro que não te direi quem é. nem eu ao certo sei.
você acha que é simples assim? tudo bem, vou tentar explicar. não é homem, mas também não é mulher.o que dizia? mas que insistência. dizia saudades, dizia alguns nomes. é, carregava um tom de suave ameaça, como se agora fosse a última chance.
e não é assim sempre?

lembranças antigas...

Tua dura mão áspera
Encontra a minha
Macia a tua espera
Você amolece no sorriso
Teu corpo te inclina
Em busca de um cheiro lembrado
Teu rosto encontra o meu pescoço
E a respiração, agora sem compasso
Conta que podia ter sido
Outra história contada
Em forma de romance
Não de conto inacabado

sinto o cheiro putrefato
de um pedaço teu em mim.

euquação

tenho apenas a metade de mim
uma metade anã
metade corpo metade ideia
um quarto de uma ideia escura
de um vazio que faz palavra ínfima
nem sei se matéria ou se hiato
um abismo de pensamentos descontínuos

que me são

E, pouco a pouco, desconhecendo esse corpo
Tão estranho e íntimo em si mesmo
Que intimida no espelho
Faz mar por onde olha
Esquece de esconder.

Ao samba

E então hoje é dia do samba - e dos sambistas.
Quantos quadris vocês põem a bolir
Por suas mãos a bater
Sua voz laiar
Com os dedos tocar

Quantas noites de alegria
E de tristeza entoadas por suas notas
Tantas vidas desfeitas e refeitas
olhares trocados
Encontros marcados
Paixões que se vão

Me agarro nas cordas
Me desfaço por horas
Me perco de mim.